Nossa Senhora veio com o Menino Jesus em seus braços e não deu mensagem, mas foi o Menino Jesus que falou e disse:
Com o Sinal da Cruz, Nossa Senhora e o Menino Jesus, juntos, nos abençoaram.
Comentário da Mensagem
MEDITAÇÃO
Nossa Senhora, no dia de Natal, apareceu com o Menino nos braços. Cena sempre ternurenta que a iconografia cristã repete na representação de muitas das invocações de Maria… Os braços de Nossa Senhora seguravam Jesus. E como estariam os braços do Menino? Agarrado ao pescoço da Mãe? Não me parece… Agarrado ao pescoço da Mãe, como poderia Ele falar? Como poderia Ele abençoar? O Menino Jesus, ao colo da Mãe, tem sempre os braços estendidos para a humanidade, e a cada homem e a cada mulher olha olhos nos olhos.
«Eu sou a vossa Paz!». Os cristãos sempre vivem sujeitos a duas tentações: querer mudar o mundo como se tudo dependesse deles, comprometendo-se por razões evangélicas em inúmeras e nas mais diversas tarefas; a outra tentação é rezar, rezar, rezar, convencidos que, rezando muito, Deus fará aquilo que lhes compete fazer na edificação do Reino. Encontramos hoje, na Igreja, mulheres e homens que caíram numa ou noutra destas tentações… no activismo ou num espiritualismo sem compromisso.
Jesus é a nossa Paz, o construtor da Paz verdadeira. É preciso acolher a Paz e corresponder a essa graça que Ele nos traz do Céu, trabalhando pela paz. Ao anjo da anunciação aos pastores de Belém, juntou-se uma multidão de outros anjos que cantavam: «Glória a Deus nas alturas e Paz na terra aos homens do Seu agrado» (Lc 2, 14). Quem são os homens do agrado de Deus, os homens de boa vontade ou os homens por Ele amados? São os que, tal como os pastores de Belém, acolhem a boa notícia do anjo e não se ficam no deleite que ela provoca, antes «vão a toda a pressa» e, depois de verem, contam a toda a gente o que viram (cf Lc 2, 16-17).
Com certeza os pastores estão entre aqueles que são do agrado de Deus… Mas, de facto, Aquele que agrada ao Pai é o próprio Filho (cf. Lc 3, 22). Vale a pena, a este propósito, ler a reflexão que o Santo Padre faz em «Jesus de Nazaré – a Infância de Jesus», desde o último parágrafo da página 65 até ao primeiro da página 67. Agradam ao Pai aqueles que vivem identificados com Jesus, na contemplação e na acção!
«Vivam - isto é, ponham em prática - os Meus mandamentos». Viver identificados com Cristo é vivermos da Sua Palavra: Ele é o Verbo que Se fez carne! É pormos em prática os mandamentos. Quando Lhe perguntaram: «Qual é o maior mandamento que há na Lei?” (Mt 22, 36), Jesus respondeu: «Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente; tal é o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. A estes dois mandamentos está ligada toda a Lei, bem como os Profetas» (Mt 22, 37-40).
No fim, ambos abençoaram, mas só Jesus falou. Nas bodas de Caná, Maria disse o que tinha para nos dizer: «Fazei tudo o que Ele vos disser» (Jo 2, 6). Por Ela continuaria em silêncio, atenta aos Seus filhos…Mas porque a Mãe é a serva obediente, continuará, assim o esperamos, no esperado dia 25 de cada mês, a dizer-nos aquilo que Ele quiser que Ela diga, para nossa orientação. Como João Baptista, Maria é a voz que faz ecoar aos nossos ouvidos a Palavra que se fez Carne em Jesus. Com a bênção do Filho e da Mãe, entramos num novo Ano. Experimentaremos a Paz – e construiremos a paz pela prática dos mandamentos - se nos deixarmos conduzir por Maria a Jesus. Ele é a nossa Paz!
Padre Armando Duarte
Lisboa
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