11 de março de 2021
Queridos amigos, paz e bem a todos.
Vamos refletir sobre o tema provação. Antes, gostaria de explicar a DIFERENÇA ENTRE PROVAÇÃO E TENTAÇÃO. Muitas pessoas confundem esse dois termos. A provação vem de Deus, e Deus na provação testa nossa fidelidade. O resultado dessa provação é sempre a vida, Deus nos introduz ainda mais para a vida, de outro lado, a tentação vem de Satanás. Satanás quer, pela tentação, nos deseja seduzir e nos levar à morte.
Como distinguir a provação da tentação? Existem muitos parâmetros, mas aqui gostaria de citar o que primeiro chama a nossa atenção: a provação, que vem de Deus, é sempre numa primeira impressão, repulsiva, difícil, inimaginável, indesejada, queremos fugir dela... A tentação, que vem de Satanás, é sempre bonita, atraente, sedutora, aceitável aos olhos, mas, se o aceitarmos, ela será para nós a imediação da morte.
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Temos muitos exemplos na Bíblia. Um dos exemplos mais claros de provação é quando Deus diz a Abraão: Abraão leva teu filho Isaac e sacrifica-o (cf. Gn 22,1). O que vocês pensam sobre como Abraão se sentiu? Ele preferiria dizer: eu não posso fazer isso. Se Deus tivesse dito a Abraão: você pecou, ou algo aconteceu e agora vá e ofereça a sua vida por mim! - Não haveria problema. Mas, que ele mesmo, deveria pegar a faca e com a própria mão sacrificar o seu filho? Essa provação é muito dolorosa, repulsiva, gostaríamos de fugir dela o mais longe possível.
Por outro lado, quando se trata de tentação, ela é sempre mais doce e atraente. Satanás diz a Eva: Olhe aquela árvore. Se você comer o fruto daquela árvore - você será como Deus! Ele sussurra aos seus ouvidos constantemente ... E a Bíblia diz: enquanto Eva olhava para aquela árvore e ouviu a voz de Satanás, ou seja, a voz da tentação; em seus ouvidos e para seus olhos ela era tão atraente, sedutora e bela até que, por fim, ela o provou (cf. Gn 3: 1-7).
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«Larga é a porta e espaçoso e o caminho que conduz à perdição» (Mt 7,13), diz Jesus. Esta porta é atraente, bonita, larga, e muitas pessoas passam por ela, enquanto que a porta estreita é que conduz ao Reino de Deus, aquela porta pequena e estreita, onde o homem deve se dobrar com humildade (cf. Mt 7, 13-14). Jesus diz que poucos escolhem essa porta. Eu colocaria exatamente ai a diferença entre provação e tentação. A tentação nos diz: vamos passar pela porta larga e espaçosa, ela é mais bonita e atraente para nós. A outra, onde devemos nos curvar com humildade e que, à primeira vista é repulsiva, mas se a aceitarmos, entraremos no reino de Deus.
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Lendo a Bíblia, vemos que Deus prova o homem constantemente. Estamos constantemente sendo provados. Na Bíblia, frequentemente encontramos como Deus coloca o homem à prova com um propósito específico. Temos aí três objetivos claros.
Primeiro, que Deus, pela provação, deseja testar a fidelidade do homem, o quanto o homem é fiel ao Senhor. No Livro de Tobias lemos que o anjo Rafael disse a Tobias: Fui enviado para provar a tua fé (cf. Tb 12.18. ) Portanto, Deus enviou Rafael a Tobias para provar a sua fé.
O segundo objetivo da provação é que Deus prova o homem para examinar o seu coração, para ver o que está em seu coração.
E o terceiro objetivo é purificar o homem. E isso lemos no Livro da Sabedoria: Deus “colocou os seus justos à prova e achou-os dignos de si”. Ele os provou como ouro na fornalha ”(Sb 3,5b-6a) e os achou dignos de si.
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Podemos perguntar por que Deus nos prova. Por que provou Abraão? Abraão, já com mais de noventa anos ganhou um filho, Isaac. Esta foi uma grande alegria, uma graça de Deus. Quando Isaac crescer, Abraão irá morrer logo e ele está consciente disso, e seu filho o sucederá. Ele ainda é pequeno. Ele precisa aprender ainda várias disciplinas: caçar, ler as estrelas, liderar o povo, várias e várias coisas, e Abraão dedicou todo o seu tempo a seu filho Isaac. Ele nem mais se preocupava com os ritos de circuncisão dos novos meninos e nem a liderança do seu povo. Ele se dedicava totalmente a Isaac. Como se Deus não estivesse mais em primeiro lugar em sua vida. E quando Deus percebeu isso, disse-lhe: Abraão, toma o seu filho Isaac, leva-o ao monte Moriá e sacrifica-o lá em cima (cf. Gn 22, 2). Podemos imaginar a enorme dor que Abraão sentiu, mas Abrão faz o que foi pedido. Ele pega seu filho e quer fazer a vontade de Deus. Deus deu-lhe uma prova e achou-o digno. Depois disso, Abraão tornou-se completamente diferente.
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Qual foi a especial provação para Eva e Adão? Deus deu a eles todas as árvores, todos os frutos possíveis: administre tudo, coma, vocês são os donos desta terra, mas há uma árvore, ... da qual não podem comer! Esta é a provação. Se eu estivesse no lugar de Eva ou Adão, mesmo que soubesse o quão grande é o jardim, todas as vezes que passasse por aquela árvore, eu sempre olharia para ela e aqueles frutos para os meus olhos se tornariam cada vez mais atraentes para mim. Parece que tudo aquilo que é proibido é muito mais atraente.
Certamente, enquanto Eva passava perto aquela árvore, uma serpente se aproximou dela e disse: Pegue o fruto desta árvore, coma, e você será como Deus (cf. Gn 3: 1-7). Isto é por um lado uma tentação e por outro uma provação. É uma provação porque Deus disse: não coma. Isso que Deus fala é duro, rígido ... mas aquela árvore é muito linda para mim, aqueles frutos são realmente muito bonitos para mim! ... e a serpente vem e diz: pegue, você será como Deus, será maravilhoso para você. Esta é a tentação. Onde está o maior problema? Toda vez que Eva passava pelo Jardim do Éden, e toda vez que ela olhava para aquela árvore. Todas as vezes ela olhava para aquela árvore e por isso, crescia nela a necessidade de pegar o fruto daquela árvore. Se todas as vezes que por ali passasse, ao invés de olhar para a árvore ela tivesse olhado para o olho do Senhor, se prestasse atenção naquilo que o Senhor havia falado, a provação não seria tão grande para ela, e a tentação não teria sido tão mortal para ela.
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Deus provou seu povo no deserto. Quando Deus conduziu seu povo pelo deserto, Ele sabia que o povo estava com fome e sede. Deus sabia disso, Ele poderia dar-lhes logo no inicio, mesmo antes deles sentirem fome e sede, e ficassem implorando e pedindo. Deus poderia ter dado o maná, codornas e água fresca – ele poderia ter dado imediatamente, mas não foi assim que aconteceu. Ele os deixou terem fome, ele os deixou terem sede. Ele queria prová-los. Ele queria provar sua fidelidade e ao mesmo tempo queria purificar seu coração no qual havia uma mentalidade servil da escravidão egípcia. Moisés estava tão faminto e sedento quanto seu povo, mas Moisés não murmurou. Moisés tinha total confiança em Deus. Deus deu a eles uma provação e eles não eram dignos desta provação, e ficavam constantemente reclamando: era muito melhor no Egito. Éramos escravos, mas tínhamos o suficiente para comer e beber, e aqui não temos. Deus os colocou à prova, Ele queria testar sua fidelidade. Este Deus era tão poderoso, ele abriu as águas do Mar Vermelho e derrotou o Faraó, o líder militar mais poderoso e a maior potência da época. Ele havia mostrado tanta força, e agora o povo não confiava mais nele, só porque ficaram com um pouco de fome e um pouco de sede. Eles não tinham tanta confiança quanto tinha Moisés.
A provação faz bem para o homem. Salmo 139 (138), 23-24 diz: " Perscrutai-me, Senhor, para conhecer meu coração; provai-me e conhecei meus pensamentos. Vede se ando na senda do mal, e conduzi-me pelo caminho da eternidade." Todos os profetas foram provados. Na provação, o mais importante é permanecer fiel a Deus, porque Deus sabe o que estamos sentindo. Ele me deu essa provação. Se eu permanecer fiel a ele, receberei uma recompensa incomensurável.
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É particularmente notável a provação de Jesus no deserto e a provação de Jesus no Jardim das Oliveiras, no Getsêmani. Em Jesus, vemos ao mesmo tempo a provação e a tentação. O Espírito Santo o conduz à provação no deserto, onde ele terá fome e sede por 40 dias. Satanás vem a ele quando no momento mais difícil e quando ele estava mais fragilizado. Jesus não poderia resistir, na verdade, Jesus poderia sim resistir.... Mas notem, nesses 40 dias houve jejum, oração, comunhão com Deus, as Escrituras e a Palavra de Deus, sem isso tudo não seria capaz de resistir. Jesus foi para o deserto, passou pela provação e tentação, não porque ele precisava disso, mas para nos mostrar o caminho.
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Se não dermos ênfase à oração, ao jejum, à leitura das Sagradas Escrituras, memorizando as palavras das Escrituras, que são inspiradas pelo Espírito Santo - não seremos capazes de resistir às tentações de Satanás ou suportar a provação. Quando Satanás diz a Jesus para multiplicar o pão, ou qualquer outra das três tentações, Jesus sempre responde para cada uma com citações da Bíblia - de Moisés, da Lei e do Profeta – isso porque ele tinha essas palavras das Escrituras em sua cabeça. E ele somente poderia tê-los em sua cabeça porque ele as leu, entrou em comunhão com Deus através da palavra de Deus. Se não lermos as Escrituras, se não entrarmos em comunhão com Deus, se não jejuarmos e se não rezarmos, quando vierem as provações e tentações, nós não teremos forças para resistir, não teremos a palavra certa, as palavras do Espírito Santo !