02/07/2015 :: A fé que supera a dúvida e o ceticismo
No dia 03 de julho celebramos a festa do Apóstolo Tomé, aquele que queria por os seus dedos nas chagas de Jesus para acreditar. Ele representa o itinerário espiritual que vai da incredulidade a fé, que ilumina o ser humano na sua caminhada para Deus e especialmente a cultura atual perpassada pela dúvida e pelos embates contra a fé cristã.
Com ele os céticos aprendem a se desfazer também de sua fé cega, não examinada e por vezes preconceituosa contra o acontecimento de Cristo Ressurgido dentre os mortos, mas igualmente os cristãos são chamados a enfrentar as objeções pessoais e culturais a fé, com honestidade e aprofundamento. A fé supõe um diálogo com a Palavra e vemos como Tomé no grupo dos apóstolos interrogava Jesus, como de fato o questiona sobre o caminho e para onde iria Jesus, (Jo. 14,4-6). São Gregório Magno considera providencial tanto as perguntas como a atitude de Toméde não acreditar até conseguir colocar a sua mão nas feridas abertas de Jesus, pois conclui que ajudaram a todos/as contemplar a veracidade da Ressurreição.
É verdade que Jesus elogiará como felizes aqueles que na nossa situação não conviveram com Jesus na sua vinda e, no entanto acreditamos sem termos visto. Mesmo assim com muita autenticidade Tomé manifesta a importância do salto da fé, a confiança e o reconhecimento que supera o racionalismo e o cálculo mesquinho que embaça o conhecimento humano.
Outro aspecto que precisa ser sublinhado na experiência de Tomé é que a fé tem uma dimensão substancialmente comunitária, e ele não se encontrava com os apóstolos no domingo da Páscoa quando Jesus entrou no cenáculo, e sim no oitavo dia quando reconhece a Jesus na sua segunda aparição ao grupo. A fé é despertada em comunidade, e implica sair do individualismo, da auto referência para buscar Jesus em conjunto, partilhando o processo de abrir-se para a nova presença do Ressuscitado que vive em nós.
A Nova Evangelização tem como desafios ir ao "átrio dos gentios"e provocar com coragem e seriedade o diálogo entre a fé e cultura, a religião e as ciências, o testemunho cristão e as novas formas de ateísmo, mostrando que o caminho da fé humaniza, liberta e amplia nossa visão e conhecimento, que é possível uma fé inteligente, cordial, e profundamente encarnada na busca de soluções justas e inclusivas para toda a humanidade. Deus seja louvado!
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Fonte: CNBB
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